Ode aos amigos de lá e de cá!

Ando pensando que amizade é uma coisa estranha.
Amizade é o que afinal?

É amor?
Nao. Pelo menos nao no sentido mais "carnal" da palavra, no sentido "bíblico". De vez enquando até rola, mas dai já é uma outra historia e um outro conceito...
É carinho?
Nem sempre. Há os amigos com os quais nao se consegue passar mais de cinco minutos sem uma discussao ou um xingamentozinho. Uns tapas as vezes vale tb!
É afinidade?
Quase nunca. Há aqueles que gostam de física e ovo frito, coisas que vc odeia. Há os que lêem na praia enquanto vc caça peixinhos entre os corais (né?). O contemplativo e o hiperativo.
É necessidade?
Provavelmente nao. Que necessidade se tem em ficar horas relembrando e contando para os entediados namorados sobre as bobeiras que se fazia na quinta serie, tentando irritar a professora de ciências ou uma homenagem cara-pintada à morte do Airton Senna?(né?).

O que diabos é essa coisa chacoalhante que a gente chama de amigo?
É um soco no estômago quando longe e uma carícia na nuca quando perto.
É uma bala de yogurte quando perto e um giló quando longe.
É um ventinho nos cabelos quando perto e uma gota de chuva no olho quando longe.

A utilidade do amigo é a coisa mais inutil que existe:
O de infancia é aquele que te ajuda a inventar as mentiras ou os exageros que fazem com que sua vida fique mais colorida e interessante. Faz o passado ser um arco-iris e o presente o fim dele, com o pote de ouro.
O da adolescëncia é o do compartilhamento, do troca-troca (sem pensar em besteira...) de furaçoes no estomago dos primeiros tesoes. Imprescindível.
O da faculdade é o que vai te levar ao aeroporto quando vc for a um país extrangeiro fazer um mestrado, e que vai apoiar seus pais dizendo que vc ta fazendo a coisa certa e que vc é a pessoa mais foda que existe. Ou aquele que vai dividir um apê de um quarto com você e nao vai reclamar do seu ronco nem da sua mania em mudar o tempo todo o canal da TV.
O do trabalho é aquele tipo de presente que vem numa caixinha totalmente sem expectativa, sem laço nem fitilho, num momento que nem é seu aniversario nem natal, mas que quando vc abre descobre que provavlemente é uma das melhores coisas que ganhou em toda sua vida.
O do país extrangeiro é aquele que, mesmo sem ter a menor ideia se vc teve o cabelo loiro há alguns meses ou se já estudou em um seminário, abre sua vida inteiramente e te coloca de sopetao pra dentro dela. É uma pantufa no frio, um caldinho de feijao na saudade do Brasil, uma sangria num mau dia, é uma risada no fim de um dia nostalgico.

Dizem que amigo é a familia que a gente escolhe.
Discordo. A gente nao escolhe os amigos, existe um nao-sei-quê que te obriga a estar atado naquele ser.
Nao há escolha, amizade é um nó, um laço, um embaraço de fios de cabelos que nem uma boa tesoura corta. Aliás, é um chiclete no cabelo...e nao adianta passar gelo, nada gela esse apego.

Amigo ta ai e aqui...sao muitos.
Tatuei coraçoes pra caber todos.

Amigo é a mais perfeita imagem da inutilidade.
A conclusao é essa.

PS: QUE TODOS OS AMIGOS SE SINTAM CONTEMPLADOS POR ESSA FOTO (E CADA UM SABE EM QUE MOMENTO FOI CONTEMPLADO NO TEXTO...), POIS ESSES OLHARES DIZEM TUDO SOBRE A ABSOLUTA INUTILIDADE DE UM AMIGO.